domingo, 13 de dezembro de 2009

Entre o real e o imaginário

"Neste sentido o mediador é um facilitador da crítica, um tradutor da realidade existente, pois sabemos que a criança não é uma  tabula rasa, como diziam os estudiosos do século 19, e nem um ser que possa viver sem cuidado, abordagem pedagógica, mas deve sim, ser instigado, questionado, e direcionado até o patamar de suas novas experiências e saberes. Na minha prática docente, a mediação é uma forma de elevar capacidades e interagir com a mais natural e rica característica das crianças: a vontade de saber o porquê e a curiosidade sobre o novo. A mediação faz com que o saber tome dimensões horizontais dentro da profissão de educador, sendo mais capaz de ver-se no outro e participando das aprendizagens, em um ciclo de “aprender, ensinar e ensinar e aprender.” Patricia Morini

* Imagem de arte rupestre



A escola sempre teve princípios da apriori do conhecimento, os professores sempre professaram os seus conhecimentos, houve séculos nos quais a concepção de uma criança como ser pensante e capaz de realizar paralelos entre o mundo lúdico, inata no seu processo de maturação, e o mundo real, no qual os adultos eram os que mandavam dentro de suas leis, que ao meu ver, sedentas de criatividade, observação e brincadeira, características estas indispensáveis no mundo infantil, era subjugado por uma mentalidade reacionária.
A infância, a pouco tempo, foi verificada como um dos processos indispensáveis da vida humana, uma fase que muitos estudos apontam como rica em aprendizagens e vivências que levaremos para a vida adulta, sejam elas positivas, desenvolvendo capacidades cognitivas e físicas, ou traumatizantes e de violação dos direitos humanos.
A história da criança está ligada diretamente com a vida da mulher e a história da escola, pois quando pensamos em crianças logo vem a idéia de  bondade, passividade e pouca capacidade de entender o mundo em que vive. E a história mostra o quanto foram privados de respeito e direitos sociais. A meu ver, estas idealizações do mundo infantil estão ligadas a concepções enraizadas de nossa sociedades, e infelizmente são uma prática sutil de desqualificação dos saberes trazidos dos alunos da educação infantil, menosprezados por professores que os minimizam.
Este processo já foi mais evidente no passado, hoje é tratado como um modo “bonitinho” de não elevar a criticidade das crianças pequenas,  depondo futuramente os proprietários do conhecimento e saberes verdadeiros, trazendo questionados, idéias novas e identidade..
Neste contexto os métodos tradicionais que negam e escondem a realidade de nossa sociedade utilizam  projetos e planos sem identificação com a cultura da comunidade,  causam uma não identificação o currículo, aumentando a evasão e propagando os ideais dominantes. Esta interação entre a realidade e a escola é feita por um mediador. É na práxis de Vygosky que me apoio, como um dos teóricos que usou o termo mediador para explanar as tarefas do docente dentro de uma metodologia sócio-interacionista,  causou polêmica sendo alvo de censura e pouco explorada na  América Latina, pois em sua obra faz grande crítica à sociedade que daquela época, pois não valorizava a interação entre sujeito-meio/meio-sujeito, na qual ambos agem mutuamente através de trocas.
"Neste sentido o mediador é um facilitador da crítica, um tradutor da realidade existente, pois sabemos que a criança não é uma  tabula rasa, como diziam os estudiosos do século 19, e nem um ser que possa viver sem cuidado, abordagem pedagógica, mas deve sim, ser instigado, questionado, e direcionado até o patamar de suas novas experiências e saberes. Na minha prática docente, a mediação é uma forma de elevar capacidades e interagir com a mais natural e rica característica das crianças: a vontade de saber o porquê e a curiosidade sobre o novo. A mediação faz com que o saber tome dimensões horizontais dentro da profissão de educador, sendo mais capaz de ver-se no outro e participando das aprendizagens, em um ciclo de “aprender, ensinar e ensinar e aprender.”

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