quinta-feira, 24 de junho de 2010

Comunicação e inclusão


A inclusão propõe uma mudança dentro das escolas, à criação de leis e diretrizes respalda, mas não é a solução para que haja realmente um espaço escolar comprometido com o ser humano portador de necessidades especiais que está se formando na sala de aula. Este tema vai além de questões físicas, passando por mudanças filosóficas, curriculares e perfis dos atuantes para que se construa uma sociedade mais comprometida com a humanização, democracia, igualdade e inclusiva.
O ser humano tem sua história pautada no advento da escrita, por tanto escrever e ler é um dos pré-requisitos que a sociedade exige na formação da cidadania, pensando desta forma como fica a educação de crianças com surdez ou deficiência auditiva?

Nos anos oitenta iniciou-se um movimento tentando solucionar a questão da comunicação para surdos e portadores de deficiência auditiva. A LIBRAS, Língua de sinais deveria ser incorporada nas práticas educativas e nas comunidades surdas, gerando nas crianças uma forma de expressão que não lhe causassem condições especiais no processo ensino e aprendizagem, necessitando de profissionais bilíngües na língua dos ouvintes ligadas a cultura vigente e fluente na língua de sinais, também ligada à comunidade na qual estivesse inserida, pois em todo o mundo diferentes configurações da língua de sinais podem ser observadas.
O ser humano tem diferentes formas de expressão e a língua de sinais é uma forma diferente que preconiza a comunicação e a socialização do indivíduo surdo. Para que a realidade mude e as crianças surdas possam ser incluídas verdadeiramente nas escolas regulares e sustentadas pelas diretrizes das políticas públicas é necessário professores e professoras adequando os seus planejamentos, contando com interpretes e conteúdos a serem passados de forma adequada para os alunos e alunas, afim do entendimento dos alunos e for fim, haver a construção do conhecimento com base em diálogos interpretados suprindo as necessidades educativas especiais das crianças.
Pesquisadoras realizaram uma pesquisa com relação o desenvolvimento das capacidades dos profissionais da educação no município de Piracicaba em São Paulo com intuito de capacitar para a comunicação bilíngüe e na utilização de materiais adequados para os surdos.
Analisando os resultados que consistem em uma pequena modificação da realidade observada nas escolas regulares baseada em um planejamento desconexo com as necessidades e a falta de estímulos por parte dos professores para a comunicação através da língua de sinais com os alunos em sala de aula, alem de identificar que na educação infantil a interprete não auxilia na educação passando a dividir a turma entre ouvintes e não ouvintes e nas séries iniciais demandar algumas tarefas para a interpretes deixando de interagir, incluir e comunicar-se com os alunos surdos.
O paradigma que fica evidente é o quanto à profissionalização e a capacitação de professores e professoras para a comunicação através da língua de sinais vão fazer com que mude as realidades das escolas, modificando o ambiente excludente e preconceituoso na qual a escola é um dos principais disseminador, para um espaço rico em comunicação expressão e convívio com realidades, contextos culturas e línguas diferentes.
O estudo mostrou ainda que a capacitação não atingiu a realidade como esperada, pois os professores não utilizavam os materiais e os profissionais sem contato direto com os alunos não integraram as LIBRAS como uma forma de linguagem sem demonstrar interesse real.
A questão da inclusão ultrapassa a questão de capacitação, pois à vontade e um perfil de pesquisador, criativo, coerente, humano e resiliente dos atuantes na educação em espaços formais é um pré-requisito para exercer a profissão de cientista da educação no caso dos pedagogos e pedagogas.
Por um lado há a questão das leis não estarem normalizadas e em muitos casos são identificadas como utópicas e fora do contexto real, por outro lado a função que cabe aos atuantes na educação de mudarem a realidade a partir de suas práticas desenvolvendo a dialética e a reflexão para que aja uma mudança significante, podendo desta forma chocar-se com a realidade que excluí.

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